Livro: O Livro da Bruxa Página 2
Autor - Fonte: Roberto Lopes
...lo. Desde então venho
acompanhando a evolução de suas idéias. Recentemente, ao ler “A Escola
de Pintura”, percebi que a hora de procurá-lo havia chegado - concluiu.
“A Escola de Pintura” é o título de um artigo no qual eu comparei a
vida ao trabalho de pintar um quadro. Tomo a liberdade de reproduzi-lo,
para que você saiba do que se tratava nossa conversa.
A escola de pintura
Outro dia um amigo me perguntou o que eu acho que é a vida.
Resposta difícil, não é? Vou contar como respondi.
Imagine uma escola de pintura. Ao entrar, você recebe uma tela
em branco e encontra vários alunos pintando. Muitos estão trabalhando
há anos, e os quadros são de todos os tipos, desde obras maravilhosas
até telas completamente destruídas. As tintas, pincéis e materiais
de pintura estão espalhados por toda a sala, alguns bem acessíveis,
outros em locais bem difíceis.
Apesar de ser uma escola, não há professores. É tudo por sua
conta.
O que você faria nessa situação? Pegaria qualquer pincel e simplesmente
espalharia tintas em sua tela? Observaria os que estão trabalhando
e tentaria imitar alguém talentoso? Juntaria sua tela às de
outras pessoas e pintaria um grande painel em equipe? Tentaria criar
uma obra original e aprender com seus próprios erros? Utilizaria apenas
os materiais mais acessíveis ou batalharia para conseguir também
os mais difíceis?
Volto a perguntar, o que você faria?
Na minha opinião, a vida é como esta esco...
a de pintura. As pinceladas
são as nossas ações.
Às vezes, damos pinceladas de mestre. Usamos o tipo certo de
pincel, a mistura correta das cores e movimentos precisos. São as nossas
boas ações. Aquelas que nos fazem dormir tranqüilos e com um
sorriso no rosto.
Outras vezes, borramos todo o nosso quadro e pensamos: “Argh!
Estraguei tudo. Não tem mais jeito”. Desejamos até jogar a tela fora e
parar com tudo. Vamos dormir arrasados e querendo morrer.
É nesta hora que precisamos lembrar da escola de pintura. Não
se desespere. Por mais borrado que seu quadro esteja, você sempre
pode pegar um pincel limpo, as tintas certas e pintar por cima.
Se você disse algo ruim para alguém, peça perdão. Se fez algo
que não deveria, volte lá e conserte. Se deixou passar uma oportunidade
de elogiar; procure a pessoa ou pegue o telefone e faça o elogio. Se
teve vontade de acariciar alguém e não o fez, faça-o na próxima vez
que encontrá-lo(a) e diga-lhe apenas que está acertando seu quadro;
tenho certeza de que você será compreendido.
A única coisa que você não deve fazer é deixar os borrões aparecendo.
Não interessa quão antigos eles sejam. Se estiverem lá; corrijaos.
É corrigindo que aprendemos a não cometê-los e nos tornamos
artistas cada vez melhores.
Fazendo assim, não importa se teremos mais duzentos anos ou
apenas mais um dia para nossa pintura. Quando formos chamados
para expô-la, ela estará perfeita. Talento, tenho certeza, todos nós temos.
Achei curioso ela estar falando sobre um novo trabalho e sugerindo
que iria prestar-me algum tipo de ajuda. Decidi interrogá-la um pouco mais
sobre isso.
- Desculpe-me, mas ainda não entendi. Que tipo de novo trabalho
você. também posso chamá-la de você, não posso? Afinal, temos quase a
mesma idade - perguntei, brincando.
- Claro que pode. Afinal, cinqüenta anos de diferença não são quase
nada - afirmou.
- Cinqüenta não, quarenta e seis. eu já tenho quarenta anos - retruquei,
só para chateá-la.
Ela fez uma careta.
- E qual é o meu novo trabalho? - indaguei. - Tenha calma. Algumas
coisas precisam vir no tempo certo. Você sabe que os remédios precisam
ser tomados em doses e horários adequados. Quando prescreve um comprimido
de oito em oito horas, você espera que o paciente siga esta instrução,
não é? Não adianta ele tomar toda a caixa de uma única vez para
apressar o tratamento. Novos conhecimentos são como os remédios e os
alimentos, precisam ser absorvidos aos poucos - explicou com ar professoral.
- Concordo, mas continuo curioso para saber mais sobre este meu
novo trabalho - insisti, testando-a.
- Pelo jeito não receberei alta hoje, não é?
- Claro que não. Você ainda precisa ficar mais algum tempo sob observação
e tomar a medicação. Sei que a comida do hospital não é lá grande
coisa, mas, se sua recuperação continuar no ritmo atual, em dois ou três
dias poderá ir para casa. É só te...
eza, todos nós temos.
Achei curioso ela estar falando sobre um novo trabalho e sugerindo
que iria prestar-me algum tipo de ajuda. Decidi interrogá-la um pouco mais
sobre isso.
- Desculpe-me, mas ainda não entendi. Que tipo de novo trabalho
você. também posso chamá-la de você, não posso? Afinal, temos quase a
mesma idade - perguntei, brincando.
- Claro que pode. Afinal, cinqüenta anos de diferença não são quase
nada - afirmou.
- Cinqüenta não, quarenta e seis. eu já tenho quarenta anos - retruquei,
só para chateá-la.
Ela fez uma careta.
- E qual é o meu novo trabalho? - indaguei. - Tenha calma. Algumas
coisas precisam vir no tempo certo. Você sabe que os remédios precisam
ser tomados em doses e horários adequados. Quando prescreve um comprimido
de oito em oito horas, você espera que o paciente siga esta instrução,
não é? Não adianta ele tomar toda a caixa de uma única vez para
apressar o tratamento. Novos conhecimentos são como os remédios e os
alimentos, precisam ser absorvidos aos poucos - explicou com ar professoral.
- Concordo, mas continuo curioso para saber mais sobre este meu
novo trabalho - insisti, testando-a.
- Pelo jeito não receberei alta hoje, não é?
- Claro que não. Você ainda precisa ficar mais algum tempo sob observação
e tomar a medicação. Sei que a comida do hospital não é lá grande
coisa, mas, se sua recuperação continuar no ritmo atual, em dois ou três
dias poderá ir para casa. É só ter um pouco de paciência - respondi,
consolando-a.
- Então ainda temos tempo. E, assim como você me pede paciência,
eu lhe peço a mesma coisa. Você trabalhou o dia todo e já está anoitecendo.
Vá para casa, descanse e amanhã venha me visitar novamente - disse,
apaziguadora.
- Está bem - concordei.
Despedi-me, desejando uma boa noite, e voltei ao posto de enfermagem
para terminar minhas prescrições. Ao sair do hospital, encontrei uma
noite suave como há muito tempo não via. Ainda não fazia idéia de quanto
minha vida iria mudar após conhecer aquela misteriosa senhora.
Naquela noite sonhei com anjos.
Novidades
Apesar dos percalços, gosto muito da minha profissão. Certa vez um
professor comentou que o médico sempre pode fazer algo pelo paciente,
mesmo que seja apenas consolá-lo. Nunca me esqueci deste conselho.
O dia foi bastante atribulado, como é normal na vida médica. Atendi
muitas pessoas com os mais diferentes tipos de problemas e tentei ajudá-las
da melhor maneira possível. No final da tarde, subi para fazer a visita rotineira
aos pacientes internados.
No hospital, temos um protocolo de duas visitas diárias às enfermarias,
uma pela manhã e outra no final da tarde. Deste modo, é possível ajustar
as medicações e acompanhar melhor a evolução dos pacientes.
Outro aspecto positivo deste procedimento é que o paciente é sempre
cuidado por dois médicos. Isso diminui a chance de se instituir um tratamento
incorreto e perm...
r um pouco de paciência - respondi,
consolando-a.
- Então ainda temos tempo. E, assim como você me pede paciência,
eu lhe peço a mesma coisa. Você trabalhou o dia todo e já está anoitecendo.
Vá para casa, descanse e amanhã venha me visitar novamente - disse,
apaziguadora.
- Está bem - concordei.
Despedi-me, desejando uma boa noite, e voltei ao posto de enfermagem
para terminar minhas prescrições. Ao sair do hospital, encontrei uma
noite suave como há muito tempo não via. Ainda não fazia idéia de quanto
minha vida iria mudar após conhecer aquela misteriosa senhora.
Naquela noite sonhei com anjos.
Novidades
Apesar dos percalços, gosto muito da minha profissão. Certa vez um
professor comentou que o médico sempre pode fazer algo pelo paciente,
mesmo que seja apenas consolá-lo. Nunca me esqueci deste conselho.
O dia foi bastante atribulado, como é normal na vida médica. Atendi
muitas pessoas com os mais diferentes tipos de problemas e tentei ajudá-las
da melhor maneira possível. No final da tarde, subi para fazer a visita rotineira
aos pacientes internados.
No hospital, temos um protocolo de duas visitas diárias às enfermarias,
uma pela manhã e outra no final da tarde. Deste modo, é possível ajustar
as medicações e acompanhar melhor a evolução dos pacientes.
Outro aspecto positivo deste procedimento é que o paciente é sempre
cuidado por dois médicos. Isso diminui a chance de se instituir um tratamento
incorreto e perm...