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Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo

Livro: Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo Página 4

Autor - Fonte: Carl Gustav Jung

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...nto da natureza é essencialmente a linguagem e as vestes externas do processo anímico inconsciente. Mais precisamente pelo fato de esíe processo ser inconsciente é que o homem pensou em tudo, menos na alma, para explicar o mito. Ele simplesmente ignorava que a alma contém todas as imagens das quais surgiram os mitos, e que nosso inconsciente é um sujeito atuante e padecente, cujo drama o ho¬mem primitivo encontra analogicamente em todos os fenômenos gran¬des e pequenos da natureza10. "As estrelas do teu próprio destino jazem em teu peito", diz Seni a Wallenstein1 `, dito que resgataria a astrologia, por pouco que soubés- 9. Alegoria c uma paráfrase de um conteúdo consciente, ao passo que símbolo c 3 melhor expressão possível para um conteúdo inconsciente apenas pressentido, mas ainda desconhecido, 10. Comparc-sc com JUNG C KÉRENY1, Einführung in dus Wesen der Mythologie [e os capitulas VI c VII deste volume). 11. [SCHILLER, Die Piccohmini, II, 6, p. 118.] 18 semos deste segredo do coração. Mas até então o homem pouco se interessara por isso. Nem mesmo ouso afirmar que as coisas tenham melhorado atualmente. O ensinamento tribal é sagrado e perigoso. Todos os ensinamentos secretos procuram captar os acontecimentos invisíveis da alma, e todos se arrogam a autoridade suprema. O que é verdadeiro em reiação ao ensi¬namento primitivo o é, em maior grau, no tocante às religiões dominan¬tes do mundo. Elas contêm uma sabedoria revelada, or...
ginalmente ocul¬ta, e exprimem os segredos da aíma em imagens magníficas. Seus tem¬plos e suas escrituras sagradas anunciam em imagens e palavras a doutri¬na santificada desde eras remotas, acessível a todo coração devoto, toda visão sensível, todo pensamento que aîinge a profundeza. Sim, somos obrigados mesmo a dizer que quanto mais bela, mais sublime e abran¬gente se tornou a imagem transmitida pela tradição, tanto mais afastada está da experiência individual. Só nos resta intuí-la e senti-la, mas a ex¬periência originária se perdeu. Por que é a psicologia a mais nova das ciências empíricas? Por que não se descobriu há muito o inconsciente e não se resgatou o seu tesouro de imagens eternas? Simplesmente porque tínhamos uma fórmula religio¬sa para todas as coisas da alma - muito mais bela e abrangente do que a experiência direta. Se a visão cristã do mundo esmaeceu para muitos, as câmaras dos tesouros simbólicos do Oriente ainda repletos de maravi¬lhas podem nutrir por muito tempo ainda o desejo de contemplar, usando novas vestes. Além do mais, estas imagens - sejam elas cristãs, budistas ou o que for - são lindas, misteriosas e plenas de intuição. Na verdade, quanto mais nos aproximarmos delas e com elas nos habituarmos, mais se desgastarão, de tal modo que só restará a sua exterioridade banal, em seu paradoxo quase isento de sentido. O mistério do nascimento virginal ou a homoousia do Filho com o Pai, ou a Trindade, que não é uma tríade, não propiciam mais o vôo da fantasia filosófica. Tomaram-se meros ob¬jetos de fé. Não surpreende, portanto, que a necessidade religiosa, o sen¬tido da fé e a especulação filosófica do europeu culto se sintam atraídos pelos símbolos do Oriente - pelas grandiosas concepções da divindade na índia e pelos abismos da filosofia taoísta na China - tal como outrora o coração e o espírito do homem da Antigüidade foram seduzidos pelas idéias cristãs. Há muitos que se entregaram inicialmente aos símbolos cristãos a ponto de se emaranharem numa neurose kierkegaardiana, ou cuja relação com Deus - devido ao crescente depauperamento da simbó¬lica, evoluiu para uma insuportável e sofisticada relação Eu-Tu - para ca- 19 irem depois vítimas da novidade mágica e exótica da simbólica oriental. O sucumbir à nova simbólica não significa necessariamente sempre uma derrota; apenas prova a abertura e vitalidade do sentimento religioso. Observamos a mesma coisa nos orientais cultos, que não raro se sentem atraídos pelo símbolo cristão e pela ciência tão inadequada à mente ori¬ental, desenvolvendo mesmo uma invejável compreensão dos mesmos. Render-se ou sucumbir a estas imagens eternas é até mesmo normal. É por isso que existem tais imagens. Sua função é atrair, convencer, fasci¬nar e subjugar. Elas são criadas aparíir da matéria originária da revelação e representam a sempre primeira experiência da divindade. Por isso p...
uma tríade, não propiciam mais o vôo da fantasia filosófica. Tomaram-se meros ob¬jetos de fé. Não surpreende, portanto, que a necessidade religiosa, o sen¬tido da fé e a especulação filosófica do europeu culto se sintam atraídos pelos símbolos do Oriente - pelas grandiosas concepções da divindade na índia e pelos abismos da filosofia taoísta na China - tal como outrora o coração e o espírito do homem da Antigüidade foram seduzidos pelas idéias cristãs. Há muitos que se entregaram inicialmente aos símbolos cristãos a ponto de se emaranharem numa neurose kierkegaardiana, ou cuja relação com Deus - devido ao crescente depauperamento da simbó¬lica, evoluiu para uma insuportável e sofisticada relação Eu-Tu - para ca- 19 irem depois vítimas da novidade mágica e exótica da simbólica oriental. O sucumbir à nova simbólica não significa necessariamente sempre uma derrota; apenas prova a abertura e vitalidade do sentimento religioso. Observamos a mesma coisa nos orientais cultos, que não raro se sentem atraídos pelo símbolo cristão e pela ciência tão inadequada à mente ori¬ental, desenvolvendo mesmo uma invejável compreensão dos mesmos. Render-se ou sucumbir a estas imagens eternas é até mesmo normal. É por isso que existem tais imagens. Sua função é atrair, convencer, fasci¬nar e subjugar. Elas são criadas aparíir da matéria originária da revelação e representam a sempre primeira experiência da divindade. Por isso pro-porcionam ao homem o pressentimento do divino, protegendo-o ao mes¬mo tempo da experiência direta do divino. Graças ao labor do espírito hu¬mano através dos séculos, tais imagens foram depositadas num sistema abrangente de pensamentos ordenadores do mundo, e ao mesmo tempo são representadas por uma instituição poderosa e venerável que se ex¬pandiu, chamada Igreja. O melhor exemplo que ilustra o que penso é o místico e eremita suí¬ço NICOLAU DE FLÜE12, canonizado recentemente. Talvez sua expe¬riência mais importante foi a chamada visão da Trindade que obcecou seu espírito a ponto de tê-la mandado pintar na parede de sua cela, A vi¬são foi representada numa pintura da época e está preservada na Igreja paroquial de Sachsein: é uma mandata dividida em seis partes, cujo cen¬tro é o semblante coroado de Deus. Sabe-se que o BRUDER KLAUS in-vestigou a natureza de sua visão com a ajuda de um livrinho ilustrado de um místico alemão, numa tentativa de compreender sua experiência pri¬mordial. Durante anos ocupou-se com esse trabalho. É o que designo por "elaboração" do símbolo. Sua reflexão sobre a natureza da visão, influ¬enciada pelos diagramas místicos que usou como fio condutor, levou-o necessariamente à conclusão de que deveria ter visto a própria Santíssi¬ma Trindade e, portanto, o Summum bonum, o amor eterno. A represen¬tação expurgada de Sächseln corresponde a esta visão. A experiência original, no entanto, fora bem dive...
ro-porcionam ao homem o pressentimento do divino, protegendo-o ao mes¬mo tempo da experiência direta do divino. Graças ao labor do espírito hu¬mano através dos séculos, tais imagens foram depositadas num sistema abrangente de pensamentos ordenadores do mundo, e ao mesmo tempo são representadas por uma instituição poderosa e venerável que se ex¬pandiu, chamada Igreja. O melhor exemplo que ilustra o que penso é o místico e eremita suí¬ço NICOLAU DE FLÜE12, canonizado recentemente. Talvez sua expe¬riência mais importante foi a chamada visão da Trindade que obcecou seu espírito a ponto de tê-la mandado pintar na parede de sua cela, A vi¬são foi representada numa pintura da época e está preservada na Igreja paroquial de Sachsein: é uma mandata dividida em seis partes, cujo cen¬tro é o semblante coroado de Deus. Sabe-se que o BRUDER KLAUS in-vestigou a natureza de sua visão com a ajuda de um livrinho ilustrado de um místico alemão, numa tentativa de compreender sua experiência pri¬mordial. Durante anos ocupou-se com esse trabalho. É o que designo por "elaboração" do símbolo. Sua reflexão sobre a natureza da visão, influ¬enciada pelos diagramas místicos que usou como fio condutor, levou-o necessariamente à conclusão de que deveria ter visto a própria Santíssi¬ma Trindade e, portanto, o Summum bonum, o amor eterno. A represen¬tação expurgada de Sächseln corresponde a esta visão. A experiência original, no entanto, fora bem dive...

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