Livro: O Amanhã a Deus Pertence
Autor - Fonte: Zibia Gasparetto
...Revisão e Editoração Eletrônica: Arquétipo Design + Comunicação
Direção de Arte: Luiz Antônio Gasparetto
Capa: Luiz Antônio Gasparetto e Kátia Cabello
6a edição
Novembro 2006
10.000 exemplares
Publicação, Distribuição
Impressão e Acabamento:
CENTRO DE ESTUDOS
VIDA & CONSCIÊNCIA EDITORA LTDA.
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I
Marcelo deixou-se cair na cadeira assustado, a carta que segurava entre as mãos foi ao chão e ele não fez um gesto para apanhá-la.
Nervoso passou a mão pela testa como a querer afastar do pensamento a notícia inesperada. Gotas de suor brotaram em seu rosto enquanto que um aperto desagradável no peito surgiu de pronto.
Aquilo não podia ser verdade. Agora que conseguira equilibrar as despesas, estava ganhando bem, comprara a casa, mobiliara com capricho, Aline o deixara.
Talvez tivesse entendido mal. Não podia acreditar. Abaixou-se, apanhou o papel do chão com mãos trêmulas e leu:
Caro Marcelo,
Quando ler esta carta já terei ido embora. Há algum tempo venho tentando dizer-lhe a verdade, mas você não me deu chance. Sinto vontade de viver, ser feliz, ver o mundo, aproveitar minha mocidade.
5
Recebi uma boa oferta de trabalho em outro país...
aceitei. A vida a seu lado tornou-se uma rotina e não é essa a vida que quero para mim. Você é um homem bom e certamente encontrará outra mulher que aceitará o que pode oferecer. Não me procure mais. Vou em busca da felicidade, e desejo que você também seja feliz. Adeus,
Aline.
Marcelo suspirou triste. Precisava render-se à realidade. Aquela carta o apanhara de surpresa.
Aline não deixara transparecer desinteresse, nem insatisfação. Começou a imaginar que talvez houvesse acontecido alguma coisa que ela não desejara contar-lhe.
Só podia ser isso. Levantou-se depressa, apanhou a pasta, a chave do carro, e resolveu ir ao aeroporto procurá-la a fim de tentar impedir que embarcasse.
Durante o trajeto, recordando o namoro, o casamento, os momentos de amor que tinham desfrutado durante os sete anos de convivência, inclinava-se a acreditar que alguma coisa muito grave teria acontecido para ela tomar aquela atitude.
Pisou no acelerador, precisava chegar o quanto antes para descobrir o que havia e impedi-la de ir embora. Aline o amava, tinha certeza.
Ela era o grande amor de sua vida. Não se conformaria em perdê-la para sempre.
Imerso em seus pensamentos, desejando chegar logo, para encurtar o caminho, entrou em uma rua de pouco movimento, sem diminuir a velocidade e nem percebeu que um caminhão manobrava próximo à esquina.
Bateu de frente, sua cabeça pendeu sobre o volante, suas pernas ficaram presas entre as ferragens.
Os populares correram tentando socorrê-lo, mas era tarde. Marcelo estava morto.
A polícia chegou, tomou as providências necessárias. Um policial fez a identificação. Segurando a carta de motorista leu:
Marcelo Duarte. Vinte e nove anos.
Comentou com um colega:
- Que pena! Tão jovem e forte!
O motorista do caminhão, pálido, aproximou-se e disse nervoso:
- Não tive culpa! Ele entrou com tudo na rua, Eu estava manobrando, garanto que olhei, mas não vi carro nenhum. De repente, esse estrondo!
Um homem aproximou-se:
- Ele está falando a verdade. Eu vi tudo. O moço entrou - em velocidade, acho que não viu o caminhão.
-Tudo bem. O senhor poderá testemunhar. Alguém mais viu como foi?
As pessoas foram saindo e o policial reiterou:
- Colaborem. O rapaz morreu. Vamos precisar de testemunhas.
Uma senhora voltou e disse:
- Está bem. Eu também vi. Estava na janela, ali em frente. Ele entrou em velocidade, acho que não viu mesmo o caminhão, eu vi que ia bater e gritei com tudo, mas não adiantou. Foi horrível. Nunca vou esquecer isso.
O policial anotou os nomes, o corpo foi removido, e no local tudo voltou ao normal. Mas as pessoas que estiveram ali, ainda comentaram durante alguns dias o trágico acontecimento.
7
II
Aline subiu no avião, colocou a mala de mão no bagageiro e acomodou-se gostosamente. Apanhou uma revista que a aeromoça lhe ofereceu e começou a folheá-la.
Mas não conseguiu prestar atenção no que estava escrito. Não conseguia pensar em outra coisa...
socorrê-lo, mas era tarde. Marcelo estava morto.
A polícia chegou, tomou as providências necessárias. Um policial fez a identificação. Segurando a carta de motorista leu:
Marcelo Duarte. Vinte e nove anos.
Comentou com um colega:
- Que pena! Tão jovem e forte!
O motorista do caminhão, pálido, aproximou-se e disse nervoso:
- Não tive culpa! Ele entrou com tudo na rua, Eu estava manobrando, garanto que olhei, mas não vi carro nenhum. De repente, esse estrondo!
Um homem aproximou-se:
- Ele está falando a verdade. Eu vi tudo. O moço entrou - em velocidade, acho que não viu o caminhão.
-Tudo bem. O senhor poderá testemunhar. Alguém mais viu como foi?
As pessoas foram saindo e o policial reiterou:
- Colaborem. O rapaz morreu. Vamos precisar de testemunhas.
Uma senhora voltou e disse:
- Está bem. Eu também vi. Estava na janela, ali em frente. Ele entrou em velocidade, acho que não viu mesmo o caminhão, eu vi que ia bater e gritei com tudo, mas não adiantou. Foi horrível. Nunca vou esquecer isso.
O policial anotou os nomes, o corpo foi removido, e no local tudo voltou ao normal. Mas as pessoas que estiveram ali, ainda comentaram durante alguns dias o trágico acontecimento.
7
II
Aline subiu no avião, colocou a mala de mão no bagageiro e acomodou-se gostosamente. Apanhou uma revista que a aeromoça lhe ofereceu e começou a folheá-la.
Mas não conseguiu prestar atenção no que estava escrito. Não conseguia pensar em outra coisa que não fosse a aventura que a esperava em Miami.
Desde a adolescência sonhara um dia poder ir morar nos Estados Unidos, esforçara-se estudando inglês que falava com certa fluência.
Segunda filha de um casal de classe média, desde cedo se empenhara nos estudos pensando conseguir uma bolsa em alguma escola Norte Americana.
Procurou o consulado, informou-se das possibilidades. Apesar de haver intercâmbio cultural entre os dois países, eles não estavam facilitando as coisas.
Foi convidada a preencher alguns formulários, percebeu logo que a instituição não tinha interesse em receber alunos brasileiros.
Enquanto cursava o colegial, fez tudo que sabia para conseguir o que desejava, mas foi inútil.
9
Quando entrou para a faculdade de letras, conheceu Marcelo, que cursava o terceiro ano de arquitetura. E desde o primeiro dia apaixonou-se por ela.
Aline não estava querendo namorar firme. Tinha outros projetos. Mas Marcelo insistiu, cercou-a de tantos carinhos que ela acabou cedendo.
Tanto Mário como Dalva, seus pais, simpatizaram logo com ele e faziam gosto no namoro. Era um rapaz de boa família, bem situado na vida, inteligente, simpático e logo estaria formado.
Mário, pai de Aline, viera de uma família modesta. Trabalhara alguns anos em uma fábrica de calçados, porém com muito esforço, sacrifício e economia, conseguiu realizar seu sonho. Tornou-se comerciante: abriu uma loja de calçados no bairro de Santana.
Quando alugou o local para montar...
que não fosse a aventura que a esperava em Miami.
Desde a adolescência sonhara um dia poder ir morar nos Estados Unidos, esforçara-se estudando inglês que falava com certa fluência.
Segunda filha de um casal de classe média, desde cedo se empenhara nos estudos pensando conseguir uma bolsa em alguma escola Norte Americana.
Procurou o consulado, informou-se das possibilidades. Apesar de haver intercâmbio cultural entre os dois países, eles não estavam facilitando as coisas.
Foi convidada a preencher alguns formulários, percebeu logo que a instituição não tinha interesse em receber alunos brasileiros.
Enquanto cursava o colegial, fez tudo que sabia para conseguir o que desejava, mas foi inútil.
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Quando entrou para a faculdade de letras, conheceu Marcelo, que cursava o terceiro ano de arquitetura. E desde o primeiro dia apaixonou-se por ela.
Aline não estava querendo namorar firme. Tinha outros projetos. Mas Marcelo insistiu, cercou-a de tantos carinhos que ela acabou cedendo.
Tanto Mário como Dalva, seus pais, simpatizaram logo com ele e faziam gosto no namoro. Era um rapaz de boa família, bem situado na vida, inteligente, simpático e logo estaria formado.
Mário, pai de Aline, viera de uma família modesta. Trabalhara alguns anos em uma fábrica de calçados, porém com muito esforço, sacrifício e economia, conseguiu realizar seu sonho. Tornou-se comerciante: abriu uma loja de calçados no bairro de Santana.
Quando alugou o local para montar...