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Charneca em flor

Livro: Charneca em flor

Autor - Fonte: Florbela Espanca

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...Amar, amar; amar; amar siempre y con todo El ser y con la tierra y con el cielo, Com lo claro del sol y lo obscuro del lodo. Amar por toda ciencia y amar por todo anhelo. Y cuando la montana de la vida Nos sea dura y larga, y alta, y llena de abismos, Amar la inmensidad, que es de amor encendida, Y arder em la fusión de nuestros pechos mismos. Rubén Darío CHARNECA EM FLOR Enche o meu peito, num encanto mago, O frêmito das coisas dolorosas. Sob as urzes queimadas nascem rosas. Nos meus olhos as lágrimas apago. Anseio! Asas abertas! O que trago Em mim? Eu oiço bocas silenciosas Murmurar-me as palavras misteriosas Que perturbam meu ser como um afago! E nesta febre ansiosa que me invade, Dispo a minha mortalha, o meu burel, E, já não sou, Amor, Sóror Saudade. Olhos a arder em êxtases de amor, Boca a saber a sol, a fruto, a mel: Sou a charneca rude a abrir em flor! VERSOS DE ORGULHO O mundo quer-me mal porque ninguém Tem asas como eu tenho! Porque Deus Me fez nascer Princesa entre plebeus Numa torre de orgulho e de desdém! Porque o meu Reino fica para Além! Porque trago no olhar os vastos céus, E os oiros e os clarões são todos meus! Porque Eu sou Eu e porque Eu sou Alguém! O mundo! O que é o mundo, ó meu amor?! O jardim dos meus versos todo em flor, A seara dos teus beijos, pão bendito, Meus êxtases, meus sonhos, meus cansaços. São os teus braços dentro dos meus braços: Via Láctea fechando o Infinito!. RÚSTICA Ser...
a moça mais linda do povoado. Pisar, sempre contente, o mesmo trilho, Ver descer sobre o ninho aconchegado A bênção do Senhor em cada filho. Um vestido de chita bem lavado, Cheirando a alfazema e a tomilho. - Com o luar matar a sede ao gado, Dar às pombas o sol num grão de milho. Ser pura como a água da cisterna, Ter confiança numa vida eterna Quando descer à "terra da verdade". Deus, dai-me esta calma, esta pobreza! Dou por elas meu trono de Princesa, E todos os meus Reinos de Ansiedade. REALIDADE Em ti o meu olhar fez-se alvorada, E a minha voz fez-se gorjeio de ninho, E a minha rubra boca apaixonada Teve a frescura pálida do linho. Embriagou-me o teu beijo como um vinho Fulvo de Espanha, em taça cinzelada, E a minha cabeleira desatada Pôs a teus pés a sombra dum caminho. Minhas pálpebras são cor de verbena, Eu tenho os olhos garços, sou morena, E para te encontrar foi que eu nasci. Tens sido vida fora o meu desejo, E agora, que te falo, que te vejo, Não sei se te encontrei, se te perdi. CONTO DE FADAS Eu trago-te nas mãos o esquecimento Das horas más que tens vivido, Amor! E para as tuas chagas o ungüento Com que sarei a minha própria dor. Os meus gestos são ondas de Sorrento. Trago no nome as letras de uma flor. Foi dos meus olhos garços que um pintor Tirou a luz para pintar o vento. Dou-te o que tenho: o astro que dormita, O manto dos crepúsculos da tarde, O sol que é d\'oiro, a onda que palpita. Dou-te comigo o mundo que Deus fez! - Eu sou Aquela de quem tens saudade, A Princesa do conto: “Era uma vez.” A UM MORIBUNDO Não tenhas medo, não! Tranqüilamente, Como adormece a noite pelo Outono, Fecha os teus olhos, simples, docemente, Como, à tarde, uma pomba que tem sono. A cabeça reclina levemente E os braços deixa-os ir ao abandono, Como tombam, arfando, ao sol poente, As asas de uma pomba que tem sono. O que há depois? Depois?. O azul dos céus? Um outro mundo? O eterno nada? Deus? Um abismo? Um castigo? Uma guarida? Que importa? Que te importa, ó moribundo? - Seja o que for, será melhor que o mundo! Tudo será melhor do que esta vida!. EU Até agora eu não me conhecia, julgava que era Eu e eu não era Aquela que em meus versos descrevera Tão clara como a fonte e como o dia. Mas que eu não era Eu não o sabia mesmo que o soubesse, o não dissera. Olhos fitos em rútila quimera Andava atrás de mim. e não me via! Andava a procurar-me - pobre louca!- E achei o meu olhar no teu olhar, E a minha boca sobre a tua boca! E esta ânsia de viver, que nada acalma, E a chama da tua alma a esbrasear As apagadas cinzas da minha alma! PASSEIO AO CAMPO Meu Amor! Meu Amante! Meu Amigo! Colhe a hora que passa, hora divina, Bebe-a dentro de mim, bebe-a comigo! Sinto-me alegre e forte! Sou menina! Eu tenho, Amor, a cinta esbelta e fina. Pele doirada de alabastro antigo. Frágeis mãos de madona florentina. - Vamos correr e rir por entre o...
migo o mundo que Deus fez! - Eu sou Aquela de quem tens saudade, A Princesa do conto: “Era uma vez.” A UM MORIBUNDO Não tenhas medo, não! Tranqüilamente, Como adormece a noite pelo Outono, Fecha os teus olhos, simples, docemente, Como, à tarde, uma pomba que tem sono. A cabeça reclina levemente E os braços deixa-os ir ao abandono, Como tombam, arfando, ao sol poente, As asas de uma pomba que tem sono. O que há depois? Depois?. O azul dos céus? Um outro mundo? O eterno nada? Deus? Um abismo? Um castigo? Uma guarida? Que importa? Que te importa, ó moribundo? - Seja o que for, será melhor que o mundo! Tudo será melhor do que esta vida!. EU Até agora eu não me conhecia, julgava que era Eu e eu não era Aquela que em meus versos descrevera Tão clara como a fonte e como o dia. Mas que eu não era Eu não o sabia mesmo que o soubesse, o não dissera. Olhos fitos em rútila quimera Andava atrás de mim. e não me via! Andava a procurar-me - pobre louca!- E achei o meu olhar no teu olhar, E a minha boca sobre a tua boca! E esta ânsia de viver, que nada acalma, E a chama da tua alma a esbrasear As apagadas cinzas da minha alma! PASSEIO AO CAMPO Meu Amor! Meu Amante! Meu Amigo! Colhe a hora que passa, hora divina, Bebe-a dentro de mim, bebe-a comigo! Sinto-me alegre e forte! Sou menina! Eu tenho, Amor, a cinta esbelta e fina. Pele doirada de alabastro antigo. Frágeis mãos de madona florentina. - Vamos correr e rir por entre o trigo! – Há rendas de gramíneas pelos montes. Papoilas rubras nos trigais maduros. Água azulada a cintilar nas fontes. E à volta, Amor. tornemos, nas alfombras Dos caminhos selvagens e escuros, Num astro só as nossas duas sombras!. TARDE NO MAR A tarde é de oiro rútilo: esbraseia O horizonte: um cacto purpurino. E a vaga esbelta que palpita e ondeia, Com uma frágil graça de menino, Poisa o manto de arminho na areia E lá vai, e lá segue ao seu destino! E o sol, nas casas brancas que incendeia. Desenha mãos sangrentas de assassino! Que linda tarde aberta sobre o mar! Vai deitando do céu molhos de rosas Que Apolo se entretém a desfolhar. E, sobre mim, em gestos palpitantes, As tuas mãos morenas, milagrosas, São as asas do sol, agonizantes. SE TU VIESSES VER-ME. Se tu viesses ver-me hoje à tardinha, A essa hora dos mágicos cansaços, Quando a noite de manso se avizinha, E me prendesses toda nos teus braços. Quando me lembra: esse sabor que tinha A tua boca. o eco dos teus passos. O teu riso de fonte. os teus abraços. Os teus beijos. a tua mão na minha. Se tu viesses quando, linda e louca, Traça as linhas dulcíssimas dum beijo E é de seda vermelha e canta e ri E é como um cravo ao sol a minha boca. Quando os olhos se me cerram de desejo. E os meus braços se estendem para ti. MISTÉRIO Gosto de ti, ó chuva, nos beirados, Dizendo coisas que ninguém entende! Da tua cantilena se desprende Um sonho de magia e de p...
trigo! – Há rendas de gramíneas pelos montes. Papoilas rubras nos trigais maduros. Água azulada a cintilar nas fontes. E à volta, Amor. tornemos, nas alfombras Dos caminhos selvagens e escuros, Num astro só as nossas duas sombras!. TARDE NO MAR A tarde é de oiro rútilo: esbraseia O horizonte: um cacto purpurino. E a vaga esbelta que palpita e ondeia, Com uma frágil graça de menino, Poisa o manto de arminho na areia E lá vai, e lá segue ao seu destino! E o sol, nas casas brancas que incendeia. Desenha mãos sangrentas de assassino! Que linda tarde aberta sobre o mar! Vai deitando do céu molhos de rosas Que Apolo se entretém a desfolhar. E, sobre mim, em gestos palpitantes, As tuas mãos morenas, milagrosas, São as asas do sol, agonizantes. SE TU VIESSES VER-ME. Se tu viesses ver-me hoje à tardinha, A essa hora dos mágicos cansaços, Quando a noite de manso se avizinha, E me prendesses toda nos teus braços. Quando me lembra: esse sabor que tinha A tua boca. o eco dos teus passos. O teu riso de fonte. os teus abraços. Os teus beijos. a tua mão na minha. Se tu viesses quando, linda e louca, Traça as linhas dulcíssimas dum beijo E é de seda vermelha e canta e ri E é como um cravo ao sol a minha boca. Quando os olhos se me cerram de desejo. E os meus braços se estendem para ti. MISTÉRIO Gosto de ti, ó chuva, nos beirados, Dizendo coisas que ninguém entende! Da tua cantilena se desprende Um sonho de magia e de p...

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