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VÍDEO: POR QUE NOS PARECE QUE NADA DA CERTO

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Caráter

Livro: Caráter

Autor - Fonte: Ralph Waldo Emerson

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...Ralph Waldo Emerson 1803-1882 O sol pôs-se, mas não se pôs a sua esperança, As estrelas surgiram, sua fé despertou mais cedo. Fixos na amplidão da via láctea, Mais profundos e experimentados pareciam seus olhos. E igualava seu sublime sofrimento A taciturnidade do tempo. Ele falou, e palavras mais suaves que orvalho Invocaram novamente a Idade do Ouro. Sua atitude mereceu uma galante reverência Quando ocultou a extensão do feito. _______________ Obra de sua autoria Ele não louva nem deplora: Entrega-a à própria sorte Como age a resoluta natureza, Com toda a sua criação. Li que todos os ouvintes de Lord Chatham sentiam que havia algo de mais belo no homem do que tudo aquilo que ele afirmava. Acusam o nosso brilhante historiador inglês da Revolução Francesa de que sua narrativa acerca dos feitos de Mirabeau não corresponde ao alto conceito que faz do gênio deste. Se nos pusermos a comparar a exposição das façanhas dos Gracos, Ágis, Cleómenes e de outros heróis de Plutarco, concluiremos que a notoriedade dos personagens sobreleva o mérito do que realizaram. Sir Sidney, o Conde de Essex e Sir Walter Raleigh, homens de grande nome, todavia, pouco produziram. Não conseguimos descobrir a mais ínfima parte do valor pessoal de Washington, na descrição de seus empreendimentos. A autoridade do nome de Schiller é demasiado grande para seus livros. Essa disparidade entre a reputação e a obra, ou as anedotas, não se justifi...
a, alegando-se que o eco é mais longo do que o estrondo do trovão. Antes, residia nesses homens qualquer coisa, gerando uma expectativa que excedia a todas as suas realizações. A mor parte da sua força era latente. É o que chamamos caráter — uma força discreta que atua diretamente pela presença e sem intermediário. Imaginamo-lo uma pujança indemonstrável, autômato ou gênio, cujos impulsos guiam o homem, mas cujos conselhos este não pode repartir; que lhe serve de companhia, pois tais homens são as mais das vezes solitários, ou, se porventura sociáveis, não dependem da sociedade, pois podem muito bem entreter-se a sós. O mais genuíno talento literário, ora aparece grandioso, ora mais modesto, mas o caráter é de uma grandeza estelar e irredutível. Aquilo que outros fazem pelo talento ou pela eloqüência, este homem faz por um certo magnetismo. “Metade da sua força, ele não emprega.” Suas vitórias são menos produto de luta do que uma evidenciação de superioridade. Conquista porque sua presença altera a marcha dos acontecimentos. “Ó, Iole, como soubestes que Hércules era um deus?” “Porque”, respondeu Iole, “me senti alegre no momento em que nele pousei meus olhos. Quando contemplei Teseu, desejei pudesse vê-lo oferecendo combate, ou, pelo menos, conduzindo seus cavalos na biga. Mas Hércules estava sempre disposto à guerra. Conquistava de pé, caminhando, sentado ou fazendo o que quer que seja.” O homem, de ordinário dependente dos acontecimentos, só em parte ligado ao mundo em que vive, e, ainda assim, de modo desajustado, parece nestes exemplos partilhar da vida das coisas e ser sujeito às mesmas leis que controlam marés e o sol, os números e quantidades. Mas, para usar uma figura mais modesta, e que nos está mais próxima, observo que em nossas eleições políticas, onde este elemento, se é que aparece, só ocorre na sua forma menos delicada, compreendemos suficientemente sua incomparável contribuição. O povo sente a necessidade de seus representantes possuírem algo mais do que talento, isto é, a força de fazer crido o seu talento. Não satisfaz esse seu propósito se mandar ao Congresso um orador culto, perspicaz e eloqüente, se não for um homem que, antes de ter sido eleito pelo povo para representá-lo, o tenha sido pelo Todo Poderoso para defender uma causa — estando invencivelmente persuadido da justiça dessa causa — de sorte que as pessoas mais confiantes e as mais violentas saibam que ali está a resistência contra a qual se esboroarão a impudência, como o terror. Esta resistência é a fé numa causa. Os homens que sabem conduzir-se não precisam indagar dos seus eleitores o que devem fazer, mas são, eles próprios, o país que representam. Em ninguém mais são as emoções e opiniões da nação tão instantes e verdadeiras como nesses representantes. Em ninguém mais, tão isentas de participação da individualidade pessoal. Os correligionários, e...
ependente dos acontecimentos, só em parte ligado ao mundo em que vive, e, ainda assim, de modo desajustado, parece nestes exemplos partilhar da vida das coisas e ser sujeito às mesmas leis que controlam marés e o sol, os números e quantidades. Mas, para usar uma figura mais modesta, e que nos está mais próxima, observo que em nossas eleições políticas, onde este elemento, se é que aparece, só ocorre na sua forma menos delicada, compreendemos suficientemente sua incomparável contribuição. O povo sente a necessidade de seus representantes possuírem algo mais do que talento, isto é, a força de fazer crido o seu talento. Não satisfaz esse seu propósito se mandar ao Congresso um orador culto, perspicaz e eloqüente, se não for um homem que, antes de ter sido eleito pelo povo para representá-lo, o tenha sido pelo Todo Poderoso para defender uma causa — estando invencivelmente persuadido da justiça dessa causa — de sorte que as pessoas mais confiantes e as mais violentas saibam que ali está a resistência contra a qual se esboroarão a impudência, como o terror. Esta resistência é a fé numa causa. Os homens que sabem conduzir-se não precisam indagar dos seus eleitores o que devem fazer, mas são, eles próprios, o país que representam. Em ninguém mais são as emoções e opiniões da nação tão instantes e verdadeiras como nesses representantes. Em ninguém mais, tão isentas de participação da individualidade pessoal. Os correligionários, em casa, rememoram os discursos, recordam-se da coloração da face e, nela, como num espelho, compõem a fisionomia dos próprios rostos. As nossas assembléias públicas são uma prova à força varonil. Os nossos sinceros patrícios do Oeste e do Sul têm predileção especial pelo caráter e gostam de saber se os da Nova Inglaterra são homens de substância ou vazios de convicções. A mesma força motora intervém no comércio. Há gênios no comércio, assim como na guerra, no Estado, ou nas letras; e o motivo por que este ou aquele homem é um vitorioso não se revela. É privilégio dele, eis tudo o que se pode adiantar a respeito. Olhai-o e sabereis facilmente por que ele venceu, assim como, se vísseis Napoleão, compreenderíeis o seu êxito. Pelos fins, induzimos os meios, o costume de enfrentar os acontecimentos diretamente e de não entrar em contato com eles em segunda mão, por meio da percepção alheia. A natureza parece aprovar o comércio, conclusão a que chegais quando virdes um comerciante inato, o qual é menos um agente particular do que preposto e ministro do comércio daquela. Sua probidade natural casa-se com o conceito que faz da fábrica da sociedade o suficiente para pô-lo acima de embustes; a todos transmite a sua convicção de que os contratos não devem ter interpretação privada. Adquiriu o hábito mental dos modelos de imparcialidade e de interesse público. Inspira respeito e desperta o desejo de negociar-se com ele, não só pelo e...
m casa, rememoram os discursos, recordam-se da coloração da face e, nela, como num espelho, compõem a fisionomia dos próprios rostos. As nossas assembléias públicas são uma prova à força varonil. Os nossos sinceros patrícios do Oeste e do Sul têm predileção especial pelo caráter e gostam de saber se os da Nova Inglaterra são homens de substância ou vazios de convicções. A mesma força motora intervém no comércio. Há gênios no comércio, assim como na guerra, no Estado, ou nas letras; e o motivo por que este ou aquele homem é um vitorioso não se revela. É privilégio dele, eis tudo o que se pode adiantar a respeito. Olhai-o e sabereis facilmente por que ele venceu, assim como, se vísseis Napoleão, compreenderíeis o seu êxito. Pelos fins, induzimos os meios, o costume de enfrentar os acontecimentos diretamente e de não entrar em contato com eles em segunda mão, por meio da percepção alheia. A natureza parece aprovar o comércio, conclusão a que chegais quando virdes um comerciante inato, o qual é menos um agente particular do que preposto e ministro do comércio daquela. Sua probidade natural casa-se com o conceito que faz da fábrica da sociedade o suficiente para pô-lo acima de embustes; a todos transmite a sua convicção de que os contratos não devem ter interpretação privada. Adquiriu o hábito mental dos modelos de imparcialidade e de interesse público. Inspira respeito e desperta o desejo de negociar-se com ele, não só pelo e...

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