pesquisas no campo das Neurociências Cognitivas têm avançado bastante nos últimos anos, sobretudo no que diz respeito aos processos da memória com estudos cada vez mais organizados e sistematizados para a aplicação prática e orientações preventivas. Sabemos que a memória é uma função mental importante e que muda ao longo dos anos.
Com o avançar da idade o uso preciso da memória não é mais o mesmo, a velocidade do processamento e tempo de reação das respostas torna-se mais lentos e selecionamos o que é mais significativo e relevante para nosso dia-a-dia. Ela é essencial na vida do ser humano, é a linha dos pensamentos, nossa identidade e, portanto, não é à toa que a falha dela, o esquecimento, a dificuldade da busca da palavra ou da imagem nos assombra, parecendo um mal que nos rouba os nossos conteúdos.
E assim, as pessoas seguem com o medo enorme da perda da memória e buscando explicações para os atos falhos num conflito constante entre o medo do patológico e o que é simplesmente um erro comum da memória. E só nos damos conta desse medo de esquecer e ser um esquecimento patológico quando algo a ser lembrado, repetido, evocado e aprendido exige nossa atenção. E também quando o discurso científico-filosófico sobre a mente humana na contemporaneidade nos mostra os desvios e perdas que podemos experimentar; aí acontece de não confiarmos mais na nossa memória na primeira falha importante que teve quando precisou dela.
E com o
nvelhecimento da população, a preocupação tem se tornado mais evidente e conforme aumenta a prevalência de doenças neurodegenerativas, como a Doença de Alzheimer, as pessoas convivem mais com a inquietude frente aos medos do esquecimento e do “apagamento” como ser humano. Quanto mais se sabe sobre a doença, maior é o medo de ter a vida dominada por ela.
Estilo de vida pode afetar memória
Para entendermos melhor o que acontece com a memória com o passar dos anos, primeiro é importante ressaltar que tudo depende do seu estilo de vida que poderá afetar sua memória. Fatores tais como hábitos, valores, emoções, estresse, fadiga, alimentação, prática de exercícios físicos e mentais podem influenciar de forma significativa o desempenho da memória.
Segundo, é interessante lembrar-se dos “Sete pecados da memória” caracterizados como omissão mencionados pelo neurocientista Daniel Shactrer da Universidade de Harvard, que são eles:
1. a transitoriedade, relativo ao enfraquecimento da memória com o passar do tempo;
2. a distração, relativo a uma ruptura entre a atenção e a memória;
3.o bloqueio que afeta a busca da informação no momento da evocação;
5. o cometimento, relativo ao equívoco, engano em relação a uma informação, são os atos falhos, por exemplo quando trocamos uma palavra por outra;
5. a sugestionabilidade, realtivo às lembranças criadas quando tentamos lembrar algo do passado;
6. a distorção, relativo à influência do nosso conhecimento atual e opiniões sobre o modo como nos lembramos do passado
7. a persistência, relativo à recordação de informações significativas ou perturbadoras que preferimos ou não lembrar, que insistem permanecer presentes, está relacionado também a dificuldade de inibir informações.
Todas essas falhas classificadas em pecados da memória ocorrem com freqüência em qualquer ser humano e que podem ou não trazer conseqüências, e que tem relação direta com nossas práticas de linguagem e sociais e que afetam nossa percepção no mundo. Se cometermos todos os pecados da memória citados por Shacter provavelmente seria como não ter a mente saudável, normal, deprovida de razão? A resposta é não. A verdade é que esses sete pecados da memória nos coloca no limite do que é considerado normal e patológico, no limite do esquecimento e daquilo que é ter boa memória.
A grande preocupação é o que podemos admitir como normal e como patológico.
Todo desempenho da memória está sujeito ao que você sempre fez, realizou ao longo da vida, ao seu estilo de vida e de usar o conhecimento. Usar a mente e o corpo cria novas trilhas neuronais e fortalece as já existentes. Quanto mais você faz isso mais vai lembrar o que você fez. O desafio é sempre comparar numa organização temporal o que você sempre foi capaz de fazer e hoje não consegue realizar com tanta precisão como antes, o que sempre esteve nítido e bem acordado na mente e hoje surge adormecido e obscurecido. Esse é o grande desafio dos diagnósticos diferenciais das simples falhas de memória que todos estamos sujeitos a cometer, dos graves brancos que temos receios.
Na verdade os esquecimentos são pouco toleráveis pela nossa sociedade e vivemos numa cobrança constante da precisão e da quantidade de informação a ser armazenada. Mas é preciso lembrar que o esquecimento faz parte da memória, é um processo adaptativo, por i...