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Alfred Nobel

Matéria: Alfred Nobel - da dinamite à paz

Autor - Fonte: Pedro Cavalcanti

Químico autodidata, inventou a dinamite e acumulou uma das maiores fortunas da Suécia com as suas fábricas de armamentos. Mas deixou um prêmio aos que lutam pela paz

A Alfred Nobel detestava prêmios. Se, por algum milagre, pudesse voltar à vida e, na sua qualidade de químico e inventor da dinamite, fosse indicado para receber o prêmio que leva o seu nome, ficaria, na certa, profundamente contrariado. Desdenhava qualquer tipo de honraria ou de publicidade. Quando lhe pediam dados biográficos ou fofos, respondia invariavelmente com a negativa, alegando, por exemplo, que “nestes tempos de publicidade gritante e despudorada, apenas os particularmente dotados para esse gênero de coisas devem permitir que os jornais Ihes publiquem a fotografia”.
Nunca mandou pintar o próprio retrato, iniciativa praticamente obrigatória para os homens de sua condição no seu tempo, e o único quadro que o representa foi realizado após sua morte. Recebeu várias condecorações, mas não mostrava o menor respeito por elas. Gostava de afirmar que ganhara a Estrela do Norte da Suécia pelo fato de ter um bom cozinheiro, capaz de agradar a estômagos influentes, e a Ordem Brasileira da Rosa porque fora apresentado casualmente ao imperador Pedro II.
Tinha, aliás, um estranho senso de humor, e nunca se sabia muito bem se estava falando a sério ou brincando. Certa vez, na presença do rei Oscar, da Suécia, desenvolveu uma teoria segundo a qual a crosta terrestre deveria ter nos ólos duas grandes cavidades, por causa da rotação do globo. Freqüentemente falava de seus planos de mandar construir em Paris um luxuoso estabelecimento onde os candidatos ao suicídio pudessem afastar-se da vida com dignidade. Segundo Nils Oleinikoff-Nobel, sobrinho-neto do inventor e último sobrevivente da família, nos últimos anos de vida Alfred Nobel levara a excentricidade a tal ponto que só ia a suas fábricas aos domingos para não ter o constrangimento de se encontrar com seus próprios operários.
Parecia-se de certa forma com o pai, Immanuel Nobel, uma espécie de gênio autodidata, que passou a vida idealizando invenções e grandes projetos. Alguns eram estapafúrdios, como ensinar focas a guiar torpedos submarinos; outros, perfeitamente sensatos e lucrativos. Alternou períodos de sérias dificuldades econômicas com anos de rápida prosperidade. Immanuel teve quatro filhos: Robert, Ludvig, Alfred e Emil. Alfred, o criador do Prêmio Nobel, nasceu em 1833, numa década de efervescência tecno-científica, mas em plena crise familiar — a primeira falência paterna.
Quatro anos depois, a família Nobel muda-se para São Petersburgo, na Rússia, e monta uma pequena metalúrgica. Prospera, então, fabricando minas submarinas, graças, sobretudo, à sociedade com um general influente e às gigantescas encomendas recebidas durante a guerra da Criméia — 1854/1856. Terminada a guerra, acabam as encomendas e os Nobel vão à falência pela segunda vez. Alfred estava com 26 anos. Não recebera educação formal. A bem dizer, freqüentou apenas o primeiro ano do primário numa escola paroquial, na sua Suécia natal.
Mas, com o auxilio de excelentes professores particulares, estudando em casa, tornou-se excepcionalmente bem-preparado. Falava fluentemente sueco, russo, inglês, francês e alemão, sendo atraído pela literatura e pela filosofia. Quando a situação financeira de seu pai era favorável, viajou pelo mundo durante dois anos. Conheceu os Estados Unidos e, sobretudo, Paris, onde fez estágios em diversos laboratórios de química. Interessou-se desde cedo por explosivos e, já em 1863, requereu sua primeira patente importante: um detonador de percussão conhecido como processo Nobel.
A patente foi obtida na Suécia, para onde parte da família voltara, na tentativa de relançar os negócios em novas bases, depois da falência na Rússia. Instalados na pequena localidade de Helensburgo, nas vizinhanças de Estocolmo, Alfred, o irmão caçula Emil e o pai começaram a fabricar nitroglicerina. Essa substância, preparada pela primeira vez em 1846 pelo italiano Ascanio Sobrero, tem uma fórmula aparentemente muito simples: certa quantidade de glicerina adicionada a uma mistura de ácido nítrico e ácido sulfúrico.
Mas sua preparação é extremamente arriscada. Qualquer choque ou uma alteração brusca de temperatura provocam violenta explosão.Foi assim que, em 1864, mal começara a produção dos Nobel, a fábrica foi pelos ares, matando Emil, o irmão caçula, e quatro homens. Semanas mais tarde, o velho pai sofreu um derrame do qual nunca se recuperou. Alfred, no entanto, não se deixou abater. Conseguiu um sócio e voltou a fabricar nitroglicerina. Como a prefeitura de Estocolmo negou-lhe permissão para o funcionamento, instalou a nova fábrica numa balsa ancorada num lago das vizinhanças, fora da jurisdição municipal. Os negócios prosperaram rapidamente. Alfred mudou-se para Hamburgo, de onde diri...

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