por Flávio Bastos - flaviolgb@terra.com.br
O que levaria profissionais da área da saúde a abandonarem carreiras promissoras nos grandes centros urbanos, famílias e isolarem-se por tempo indeterminado nos confins da África, ao lado de seres humanos infectados pelo vírus da aids ou por doenças epidêmicas? O que os atrairia na miséria humana onde a fome colossal impera e os óbitos ocorrem prematuramente chocando até as pessoas menos sensíveis ao sofrimento humano?
O que levaria estas pessoas anônimas para locais onde muitas vezes não existe um mínimo de infraestrutura para que a vida em sociedade aconteça e que serão, invariavelmente, atormentadas por temperaturas elevadas, incomodadas por insetos e toda a sorte de desconforto?
O que levaria profissionais da área da saúde mental a trabalharem "de graça", envolvidos em ONGS no atendimento de dependentes químicos onde a dor das famílias e o sofrimento de quem encontra-se psicológicamente prisioneiro das drogas é real, porém difícil de ser assimilado e tratado no sentido de sua libertação?
O que levaria profissionais das mais diversas áreas, donas de casa, aposentados e estudantes a ingressarem voluntariamente em projetos sociais que visem o atendimento direto às comunidades carentes onde existem as múltiplas faces da miséria material humana representada pela violência implícita e explícita? Qual força, qual energia move estas pessoas no sentido de quase não terem medo ao enfrent
rem riscos e desafios sem, no entanto, receberem um vintém em troca?
O que levaria multidões de jovens a abandonarem as suas famílias, seus países e ingressarem em organismos internacionais de defesa do meio ambiente e dos animais? Seria o reconhecimento internacional, os fachos de luz dos holofotes da mídia ou a fama?
Todos eles, todas estas pessoas são os idealistas, são os eternos anônimos. Não buscam fama, dinheiro ou a luz dos holofotes, mas sim, através do desprendimento tão próprio dos seres especiais, buscam a pacífica e silenciosa luta por um mundo melhor e, ao combaterem as dores e o sofrimento de seus semelhantes, tentam erradicar o mal que os aflige, substituindo-o pela dedicação, pelo afeto e, acima de tudo, pelo amor abrangente que irradia do chacra cardíaco.
São os heróis anônimos que muitas vezes, sem saber, estão acima de seus próprios egos, de suas convicções políticas - se é que elas existem - ou filosóficas. São os verdadeiros cristãos da prática, os verdadeiros representantes de Cristo no planeta Terra. No entanto, nem todos professam uma religião... porque, simplesmente, são cidadãos do mundo a serviço do amor e da caridade entre homens e animais.
A VERDADEIRA PROPRIEDADE
"O homem não possui como seu senão aquilo que pode levar deste mundo. O que ele encontra ao chegar e o que deixa ao partir, goza durante a sua permanência na Terra: mas, desde que é forçado a deixá-los, é claro que só tem o usofruto e não a posse real. O que é, então, que ele possui? Nada ao que se destina ao uso do corpo e tudo o que se refere ao uso da alma: a inteligência, os conhecimentos, as qualidades morais. Eis o que ele traz e leva consigo, o que ninguem tem o poder de tirar-lhe e o que ainda mais lhe servirá no outro mundo do que neste. Dele depende estar mais rico ao partir do que ao chegar neste mundo, porque a sua posição futura depende do que ele houver adquirido no bem. As posições daqui não são compradas mas ganhas pela prática do bem; com o dinheiro podeis comprar terras, casas, palácios, mas aqui só valem as qualidades do coração. Sois ricos dessas qualidades?"
*Pascal/Instruções dos Espíritos - O Evangelho Segundo o Espiritismo.
