por Maísa Intelisano - maisa@maisaintelisano.com.br
Por que esse choro?
Não sei explicar.
E nem sei se tem explicação... Aliás, tenho que explicar?
Apenas choro, ainda que sem lágrimas, pois quantas são as lágrimas que fazem uma tristeza?
Ou quantos são os risos que disfarçam uma tristeza?
Quem nunca foi triste, não pode ser alegre.
Quem nunca sentiu tristeza, não conhece felicidade.
Quem tem medo do choro, não sabe como abraçar o riso.
E por que falo de tristeza?
Falo dela como de uma amiga que me visita.
Ou de uma parceira de poesia.
Falo da tristeza, a que conheço, e não de tristeza.
Toda alegria é também um pouco triste.
Triste em sua própria finitude.
Triste nos medos que encobre.
Triste em ver sua própria tristeza.
E toda tristeza tem também sua beleza.
Uma beleza sutil, que quase ninguém vê.
Uma beleza tímida, como é tímido o sol do inverno.
E em tudo há tristeza e alegria.
Em tudo que somos há também choro e riso.
Não há vida sem dor e alegria.
São duas mãos de uma mesma estrada, onde vamos e voltamos, mas nunca com os mesmos calçados.
Quem manda? Quem comanda?
O riso que sacode o peito ou o choro que arreganha os dentes?
O dia que nasce quando a noite morre, ou a noite que desperta quando o dia adormece?
Luz e sombra se alternam nos dias de nossa alma.
E, quanto mais vívida a luz, mais presente a sombra a espreitar.
Que venha, então, a tristeza com a alegri
como bagagem.
Que escorra o choro para que o riso possa fluir.
Que aperte a dor e faça vazar o prazer.
E que seja, assim, o choro enquanto o riso permitir.
E que fique a felicidade enquanto a tristeza quiser.
E que venham, então, essas gêmeas...
Que venham essas irmãs inseparáveis...
Que venham, então, trazer sentido e realização à minha vida.
E sejam bem-vindas!
